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Via permanente ferroviária: o que é? Conceitos e principais características

Via permanente ferroviária: o que é? Conceitos e principais características

As ferrovias podem ser a solução para diversos problemas logísticos, sendo eles relacionados tanto ao escoamento de produtos quanto ao transporte de pessoas. Para que os seus objetivos sejam atingidos, o processo de construção de novas linhas férreas deve ser muito bem planejado. Além da localização geográfica e dos diversos procedimentos legais, a via permanente ferroviária deve seguir uma série de protocolos para que o transporte por ela seja seguro e eficiente.  Abaixo o artigo explica o que é a via permanente ferroviária e os diversos elementos que a compõem.

O que é a via permanente ferroviária?

Os trens são veículos capazes de transportar grandes volumes de carga em poucas viagens, em comparação aos veículos utilizados no transporte rodoviário. No entanto, o deslocamento das locomotivas não pode ser feito simplesmente através do solo asfaltado, elas necessitam de toda uma estrutura específica.

Portanto, a via permanente ferroviária é justamente o conjunto de técnicas que transformam o solo em um local que permite a locomoção dos trens. Ela envolve o posicionamento das peças superficiais da ferrovia, como os trilhos e os dormentes, mas também está relacionada a qualquer atividade que possibilite a construção da mesma, como a terraplenagem, por exemplo.

Além da construção em si das ferrovias, é indispensável estudar bem os locais das rotas e suas ramificações. O transporte de produtos raramente é realizado por apenas um tipo de modal, por isso, é muito importante considerar os pontos de encontro onde as cargas serão transferidas para veículos de transporte rodoviário e marítimo, por exemplo.

Característica da geometria da via

Como foi dito anteriormente, construir e manter uma via permanente ferroviária segura só é possível através do estudo e trabalho de profissionais. Os engenheiros serão responsáveis por determinar se determinado solo é capaz de suportar uma ferrovia e, consequentemente, o peso dos trens carregados.

Mesmo depois de decidir o caminho pelo qual a linha férrea passará, ainda será necessário traçar todas as curvas e rampas que irão ligar o pátio de carregamento até o destino final. Além disso, o profissional deverá indicar quais os tipos de trilhos ideais para o objetivo de cada rota.

Outro aspecto da geometria das ferrovias é a bitola. Este parâmetro é a medida entre as faces internas dos dois trilhos. Essa distância varia muito em cada caso, porém, no Brasil, as mais comuns são as bitolas métricas, com 1 metro de largura e as largas, com 1,6 metro. Além dessas, a bitola standard, de 1,435 metro, é utilizada em linhas menos extensas, como as de metrôs.

A geometria da via é essencial na sua construção, pois somente ela garantirá que os veículos poderão se locomover da forma planejada. Por exemplo, na maior parte das curvas, é muito importante que exista uma super elevação dos trilhos, isto é, tem que haver uma diferença de altura entre os dois lados do trilho para que o trem não descarrilhe. Mais especificamente, o lado externo da curva deve estar elevado em relação ao interno para compensar a força centrífuga agindo no veículo.

Infraestrutura e superestrutura

Os elementos de uma via permanente ferroviária podem ser divididos entre duas categorias: infraestrutura e superestrutura.

A infraestrutura ferroviária está ligada às etapas preparatórias para a construção das vias. Isso inclui os procedimentos técnicos de preparação do solo, como a terraplenagem, a drenagem, o nivelamento e a pavimentação. A infraestrutura também é responsável por colocar acima do solo camadas de pedras trituradas, geralmente de quartzito. Essas camadas são chamadas de lastro e sublastro e têm como principal função o amortecimento do peso suportado pelos trilhos, garantindo uma maior estabilidade para a via.

Vale lembrar que, no Brasil, os projetos devem estar de acordo com os regulamentos emitidos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Depois de estabelecida a infraestrutura de uma ferrovia, é momento de instalar a superestrutura. Se encaixa nessa categoria todos os elementos da via que ficam na superfície, ou seja, os dormentes, os trilhos e os itens de fixação.

Os dormentes são colocados transversalmente sobre o lastro. Geralmente são feitos de madeira, porém também são utilizadas peças compostas de aço, concreto e polímeros. O seu propósito é suportar as ações dinâmicas causadas pelo peso dos trens e também impedir que a bitola mude de tamanho.

Os trilhos são colocados perpendicularmente aos dormentes e entram em contato direto com as rodas dos veículos ferroviários. Este material é responsável por guiar o movimento dos trens e dos seus vagões, além de garantir que fiquem estáveis na linha.

Por fim, os itens de fixação, como o nome indica, têm o propósito de firmar os trilhos aos dormentes. Existem vários tipos de acessórios capazes de exercer essa função, podendo ser separados entre rígidos e elásticos. Os rígidos são os mais tradicionais, como parafusos e pregos de metais. No entanto, os elásticos estão ganhando cada vez mais popularidade por serem mais duradouros.

Principais defeitos em vias permanentes ferroviárias

Como foi possível perceber no item anterior, a construção da via permanente ferroviária envolve diversas etapas. Se qualquer parte do processo for ignorada ou mal planejada, inúmeros problemas poderão surgir com o uso da ferrovia.

Por exemplo, se a pesagem dos veículos e vagões não for realizada da maneira correta, o deslocamento desses trens podem desgastar os trilhos excessivamente, ou ainda podem causar rachaduras nos dormentes.

Outra possibilidade é a aplicação imprópria dos itens de fixação. Com o tempo, os acessórios poderão se deslocar com a vibração dos veículos, causando desnivelamento dos dormentes e, inclusive, acidentes graves.

Em alguns casos, a causa de defeitos na ferrovia está ligada a peças de baixa qualidade, reduzindo consideravelmente a vida útil da ferrovia. Mesmo que seja apenas uma peça que esteja com defeito, isso irá desestabilizar toda a estrutura naquela seção da via.

Apesar de que uma boa etapa preparatória pode reduzir a chance de surgirem defeitos, é essencial realizar regularmente vistorias de manutenção nos trilhos para examinar possíveis desgastes e danos.

Conclusão: via permanente ferroviária

Uma via permanente ferroviária pode ser muito útil para diversos setores da sociedade. No entanto, a sua construção é um processo complexo que envolve muitos detalhes que não podem ser ignorados. Afinal, o menor dos defeitos poderão causar problemas maiores na estrutura da linha. Dito isso, uma ferrovia só será eficaz e, consequentemente, lucrativa, se ela for construída seguindo devidamente todas as etapas de infraestrutura e superestrutura.

Fontes:

https://www.wasaki.com.br/qual-a-funcao-do-lastro-ferroviario/

https://www.brferrovia.com.br/post/conceitos-e-caracter%C3%ADsticas-de-via-permanente