Dos 80 requerimentos de implementação de novas ferrovias no País recebidos pelo governo federal, no âmbito do programa Pro Trilhos, pelo menos 20 passam por Minas Gerais. Somadas, essas propostas representam 5.900 quilômetros de trilhos e R$ 80 bilhões em investimentos no Estado, destinados à criação e operação de malhas pelo regime de autorização previsto no novo Marco Legal do setor.
Em todo o País, as projeções de recursos privados a serem alocados na implantação dos empreendimentos já somam R$ 224 bilhões e quando prontas, as novas ferrovias devem agregar 19 mil quilômetros de novos trilhos Brasil afora, cruzando 16 Unidades da Federação.
A expectativa é de que sejam criados 2,6 milhões de postos de trabalho diretos e indiretos, além da diminuição do custo de transporte, da emissão de gás carbônico e a modernização da malha ferroviária nacional. A projeção é que Minas concentre 33% dos novos trechos a serem implementados em todo o País.
As perspectivas de demanda e oportunidades de negócios acerca desses investimentos foram debatidas na edição do #VemPraMinas Ferrovias, realizado ontem pela Agência de Promoção de Investimentos do Estado (Invest Minas) e pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O encontro teve o objetivo de demonstrar a fornecedores da cadeia do setor, de dentro e de fora do Estado, as oportunidades de negócios que poderão ser geradas na área nos próximos anos.
Na oportunidade, autoridades públicas e privadas falaram sobre as perspectivas do programa e representantes das empresas Macro Desenvolvimento e Petrocity Ferrovias assinaram protocolos para novos investimentos no Estado.
Na sequência, painéis detalharam as oportunidades do programa federal: Perspectivas de expansão da malha ferroviária em Minas Gerais diante do novo marco legal do setor e do plano estratégico do Estado; e A Cadeia da Indústria Ferroviária e as oportunidades de novos negócios.
Desenvolvimento passa por novas ferrovias
O secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato, falou que os recursos poderão promover uma grande revolução logística no País.
“A maior parte dos países continentais tem mais de 50% da matriz transportada por ferrovias. No Brasil, isso é feito, historicamente, pelo modal rodoviário, que implica em mais gastos, mais poluição e mais acidentes. A partir do momento que as ferrovias passarem a ser o principal meio de transporte, poderemos finalmente falar em uma revolução da matriz, em que vamos ter um transporte mais sustentável, mais eficiente economicamente, gerando mais emprego e renda. E Minas Gerais, o berço das ferrovias, saiu na vanguarda com o Plano Estratégico Ferroviário (PEF)”, disse.
Sobre o cronograma, Marcato explicou que o governo federal já autorizou a realização dos projetos e as empresas têm até dois anos para desenvolvê-los. Uma vez prontos, iniciam-se as obras. Segundo ele, são grandes projetos que demandam detalhamento e que trarão resultados efetivos no longo prazo.
“O volume de investimentos é bastante robusto e, mesmo que eventualmente parte não saia do papel no curto prazo, nos próximos dez anos teremos esses aportes e uma transformação completa das ferrovias em Minas Gerais. Também temos mantido um diálogo com os investidores, de forma a acompanhar de perto o desenvolvimento desses projetos e já sanar quaisquer dificuldades”, completou
Nesse sentido, representantes de duas empresas que já assinaram protocolos de intenção com a Invest Minas para os aportes estiveram presentes no evento para celebração de aditivos que prometem celeridade nos processos.
A ideia, conforme o secretário, é justamente envolver diferentes órgãos e Pastas estaduais de maneira a solucionar questões ambientais, fiscais e burocráticas, são elas:
Macro Desenvolvimento prevê um investimento de R$ 15 bilhões para construir uma ferrovia entre as cidades de Sete Lagoas e Anápolis (GO).
Petrocity Ferrovias planeja investimentos de R$ 30 bilhões em uma ferrovia que vai ligar o Distrito Federal ao Espírito Santo, passando pelas regiões mineiras do Noroeste, Norte, Vale do Aço e Rio Doce.
Ferrovias para transporte de cargas
Marcato afirmou ainda que os trechos a serem construídos em Minas Gerais deverão ser utilizados principalmente nos deslocamentos de cargas a longas distâncias, de forma que as rodovias sejam inseridas no transporte apenas no destino final. Minério de ferro e produtos agrícolas deverão estar entre os itens escoados.
O presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, por sua vez, falou que a expansão da malha ferroviária vai contribuir para o aumento da competitividade do setor industrial mineiro e que investimento em infraestrutura é multiplicador, viabiliza outros aportes em toda área industrial e em diversos outros setores.
“Investimento ferroviário é competitividade. Competitividade é geração de emprego e renda e crescimento econômico. Prosperidade que se transformará em benefício social. Cerca de R$ 80 bilhões que serão multiplicadores de outras centenas de bilhões de reais que virão nos próximos anos”, apostou.
Em seu discurso durante a solenidade, o governador Romeu Zema (Novo), ressaltou ações de sua gestão em prol do desenvolvimento e da infraestrutura no Estado.
Ele citou projetos, programas, concessões e investimentos e afirmou que, como fruto deste trabalho, Minas Gerais saiu de uma representação de 8,8% da economia brasileira para 9,3% no ano passado.
“O foco da minha gestão sempre foi equilibrar as contas e arrumar a casa. Precisamos de um Estado mais eficiente e a infraestrutura é fundamental”, argumentou.
Da mesma forma, o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, lembrou que o governo de Minas encerrou 2021 com a atração de R$ 211 bilhões em investimento.
“Tenho certeza que com a infraestrutura sendo um dos pilares no desenvolvimento do Estado estes números vão avançar muito. Acreditamos que a prosperidade de Minas Gerais está nas mãos dos investidores, das pessoas geram riqueza no Estado e empregos para os mineiros”, declarou.
Fonte: Diário do Comércio